Uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) faz um alerta para o estado de conservação das rodovias brasileiras. Mais da metade das rodovias brasileiras está em situação regular, ruim ou péssima. O condutor que vai viajar para as festas de fim de ano precisa ficar ainda mais atento ao dirigir pelo lado direito da pista.
“Os percentuais demonstram uma relativa estabilidade no estado geral da malha rodoviária brasileira, em comparação com os resultados do ano passado, que apresentavam, respectivamente, 66% e 34% para os mesmos níveis de classificação”, avaliou a entidade.
Os dados fazem parte da 26ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada na última semana, em parceria com o Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. O levantamento deste ano avaliou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas, o que corresponde a 67.659 quilômetros da malha federal e a 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais.
A classificação do estado geral compreende três características da malha rodoviária: pavimento, sinalização e geometria da via. Levam-se em conta variáveis como condições do pavimento, das placas, do acostamento, de curvas e de pontes.
Em 2023, 56,8% do pavimento, 63,4% da sinalização e 66% da geometria dessas vias foram avaliados como regular, ruim e péssima, percentuais que também ficaram próximos aos registrados no ano passado: 55,5%, 60,7%, 63,9%, respectivamente.
“A realidade que o estudo expõe reforça o que a CNT vem defendendo há anos: a necessidade de continuar mantendo investimentos perenes e que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias”, disse a CNT, em nota.
Os principais pontos críticos registrados nas rodovias brasileiras, e citados pela CNT, incluem quedas de barreiras, erosões nas pistas, buracos grandes, pontes caídas e pontes estreitas. “Tratam-se de problemas na infraestrutura que interferem na fluidez dos veículos, oferecendo riscos à segurança dos usuários, aumentando significativamente a possibilidade de acidentes e gerando custos adicionais ao transporte”, alerta.
E haja amortecedor para aguentar tantos problemas na estrada. Um dos problemas apontados é o excesso de peso no transporte de cargas. De janeiro a outubro deste ano, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) multou 16.491 veículos por excesso de carga (6% a mais que no mesmo período do ano passado, 15.527).
“O excesso de peso causa, além do dano do pavimento, também segurança no trânsito. Pode trazer danos ao freio do veículo, que pode não parar na hora que for necessário parar”, diz Lyzandro Onasses, inspetor da PRF.
O calor intenso também influencia na vida útil do asfalto.
“Com esse clima que a gente tem agora, no meio do dia, as temperaturas que estão ali são muito elevadas, passa dos 70ºC. Então, realmente, tem material que não suporta bem”, afirma Lilian Ribeiro Rezende, professora de engenharia e especialista em pavimentação.
A Universidade Federal de Goiás faz pesquisas sobre o asfalto utilizado em várias regiões do País. Os estudos mostram que existem materiais que aumentam a durabilidade da rodovia. Um deles é a borracha triturada.
Outro, que parece pó de café, é restos de pneus. O material já vem sendo usado na pavimentação de estradas. Os testes mostraram que ele é mais resistente a altas temperaturas.
Os pesquisadores usam prensas potentes para simular o tráfego de veículos e comparar o asfalto convencional com o de borracha.
“Ele suporta 200 vezes mais carga do que o convencional”, explica a professora Lilian Ribeiro Rezende.
O custo ainda é um pouco maior, de 6 a 13%, mas a pesquisadora garante que compensa.
“Considerando o tempo que aquele material vai durar, esse custo realmente se paga porque isso significa menos manutenção na rodovia depois da obra implantada.”
por O Sul