Em entrevista à Rádio Difusão, o assistente técnico regional da Emater, Luiz Angelo Poletto, destacou os impactos da estiagem na produção agrícola do Rio Grande do Sul. Segundo Poletto, os municípios do estado têm registrado um déficit hídrico expressivo nos primeiros meses do ano, prejudicando principalmente a cultura da soja.
A falta de chuvas afetou significativamente a fase crítica da soja, cultura que ocupa cerca de 253 mil hectares na região. As perdas financeiras estimadas para os produtores chegam a R$ 800 milhões. A produtividade esperada de 60 sacos por hectare foi reduzida para uma média de 41 a 42 sacos. Em algumas localidades, como Campinas do Sul e Benjamin Constant, a produção não deve ultrapassar 1.800 kg por hectare.
Apesar do cenário desafiador para a soja, a colheita do milho superou as expectativas. A previsão inicial era de 100 sacos por hectare, mas a produtividade chegou a 163 sacos. A silagem também teve bons resultados, com uma média de 46 toneladas por hectare.
O preço baixo dos produtos e os juros elevados estão dificultando o financiamento de novas safras, especialmente do trigo. Segundo Poletto, muitos produtores estão hesitantes em investir no cultivo de inverno devido aos custos elevados dos seguros agrícolas.
O especialista também comentou sobre alternativas para o agronegócio no estado. O aumento da industrialização da soja para produção de biodiesel e a expansão do cultivo de canola e outras culturas de inverno estão entre as possibilidades para mitigar os impactos da estiagem. Empresas estão investindo na industrialização do milho e da canola, o que pode contribuir para estabilizar os preços e fortalecer o setor.
Diante desse cenário, Poletto reforçou que os produtores não devem desanimar, pois há perspectivas de melhoria climática a partir do fim do mês. O fenômeno La Niña, responsável pelo período de estiagem, deve perder força, possibilitando uma recuperação gradual das condições hídricas para as próximas safras.