O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) confirmou a absolvição do médico Leandro Boldrini, condenado a 31 anos e oito meses de prisão pela morte do filho Bernardo, de 11, em um processo disciplinar interno. A entidade, no entanto, afirmou que as sindicâncias correm em sigilo e “por força de lei” estava impedida de se manifestar.
Contatado pela reportagem, o advogado Ezequiel Vetoretti, responsável pela defesa de Boldrini, declarou que ele foi inocentado por unanimidade na quarta-feira. “A defesa esperava há muito tempo por esse julgamento e tinha plena confiança na absolvição”, destacou.
Boldrini foi inocentado de ter violado o Código de Ética Médica. A decisão determina que não há provas que ele tenha receitado a medicação aplicada pela ex-companheira Graciele Ugulini em Bernardo e que resultou na morte. Em outras palavras, Leandro poderá trabalhar como médico.
Desde o dia 24 de outubro o pai de Bernardo cumpre pena no Presídio Regional de Santa Maria, em regime semiaberto. Desde que está na unidade Leandro já saiu em pelo menos duas oportunidades, ambas autorizadas pela Justiça. Em uma das vezes, ele foi a um consultório médico. Já na outra saída, aproveitou para renovar sua CNH.
Antes disso, ele estava há quase cinco meses fora do sistema penitenciário, utilizando uma tornozeleira eletrônica, por conta da falta de vagas em presídios da região Metropolitana. O retorno dele a uma casa prisional foi determinado da 3ª Câmara Criminal, que acolheu uma ação do Ministério Público do RS.
Há quase três meses Leandro mora no município da região Central, mesma cidade onde estão enterrados Bernardo e a mãe dele, Odilaine Uglione. Desde então, o processo em que foi condenado passou à Vara de Execução Criminal Regional de Santa Maria, responsável por assegurar o cumprimento da pena.
Relembre o caso
Bernardo Boldrini tinha 11 anos quando desapareceu, em Três Passos, em março de 2014. Ele teve o corpo encontrado dez dias depois, enterrado em uma cova vertical em uma propriedade às margens do rio Mico, na cidade vizinha de Frederico Westphalen.
No mesmo dia, o pai e a madrasta da criança foram presos, suspeitos, respectivamente, de serem o mentor intelectual e a executora do crime, com a ajuda da amiga dela, Edelvania Wirganovicz. Dias depois, a Polícia prendeu Evandro Wirganovicz, suspeito de ser a pessoa que preparou a cova onde o menino teve o corpo enterrado.
Em março deste ano, Leandro Boldrini foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado e falsidade ideológica. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.
Preso desde 2014, ele atingiu o requisito de tempo previsto para passar do regime fechado para o semiaberto. Ele cumpriu dois quintos da pena, por isso, alcançou o direito à progressão, já que trabalhou desde o início. Boldrini atuava na cozinha do presídio em que estava. Ele segue com o Certificado de Registro Médico (CRM) ativo, pois o pedido de cassação ainda não foi julgado. Em outras palavras, ele permanece autorizado a atuar como médico.
por CP