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Cirurgia com robô a laser é nova opção para tratar a apneia obstrutiva do sono

Publicado 24/02/2020 às 10:30

*Por Fábio de Oliveira, da Agência Einstein

É um problema que não tem idade, acomete de bebês a pessoas mais idosas. E nem sempre tem a ver com o ganho de peso, como muita gente acredita. Só na cidade de São Paulo, estima-se que 16% da população apresentem algum grau de apneia obstrutiva do sono, caracterizada por paradas respiratórias de até 10 segundos quando a pessoa está adormecida. No mundo, calcula-se que de 3% a 7% dos adultos tenham a doença, que pode ser causada por algum tipo de obstrução nas vias aéreas. Uma nova forma de tratar a doença começou a ser realizada recentemente no Brasil. Trata-se da combinação do robô cirúrgico Da Vincicom o novo Duo Laser de CO2.

“O robô possibilita uma visualização 3D”, explica o otorrinolaringologista Denilson Fomin, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, o primeiro na América Latina a usar este tipo abordagem, denominada de TORS (Trans-oralroboticsurgery). No final das contas, garante também maior acurácia. O laser é acoplado ao robô. “O corte do tecido é mais preciso, ocorre menos sangramento, menor inchaço (edema) no pós-operatório e uma cicatrização mais rápida”, completa Fomin. A explicação é que o laser de CO2 faz isso com uma temperatura mais baixa. Assim, ocorrem menos, por assim dizer, traumatismos. E, por este motivo, o processo cicatricial se torna rápido.

Quanto maior a respiração bucal, típica da apneia obstrutiva do sono, maior a pressão sobre o palato, que fica mole e oclusivo. E a base da língua é colocada para trás devido à passagem do ar. Outro obstáculo no caminho. A TORS remove a área flácida da estrutura palatar e, na base da língua, o excesso de tecido.

Logo após o procedimento, o paciente segue para o quarto e, no mesmo dia, vai para casa. No pós-operatório, a dieta deve ser leve, líquido-pastosa, durante cinco dias. Indicam-se também analgésicos para a dor. “A alimentação mais fria é recomendada porque não causa vasodilatação e, assim, não estimula sangramento”, diz Fomin.

Diagnóstico
Antes de apelar para o robô a laser, é necessário descobrir o que causa a obstrução responsável por roncos e paradas respiratórias ao longo da noite. As vias aéreas englobam nariz, faringe e base da língua. Em algum desses pontos pode haver uma barreira para a passagem do ar.

Para identificá-la, os médicos recorrem a um exame: anasofibroscopia, que se vale de uma fibra óptica com câmera na ponta, introduzida via nariz. O paciente fica acordado o tempo todo. Os especialistas conseguem enxergar o que chamam de sítio obstrutivo. “Isso é importante porque até um tumor no nariz ou na garganta leva à obstrução”, conta o otorrino do Einstein. Sem contar um pólipo, um cisto, um desvio de septo ou, como dito acima, o aumento da base da língua.

Se resta alguma dúvida, pode-se solicitar outro exame: asonoendoscopia, que avalia a anatomia da faringe e da laringe com o auxílio de uma microcâmera. A nasalaringoscopia, sua outra alcunha, é indicada sobretudo quando o nariz está fechado, o palato flácido e a base da língua crescida – todos motivos para a apneia obstrutiva. Nessa situação, o especialista pode optar também pela tomografia computadorizada de cavidade nasal e pescoço para ter a dimensão exata da problemática. Essa tomografia serve ainda para analisar o resultado da cirurgia de três a quatro meses depois da operação. “Não dá para fazer uma indicação empírica”, diz Fomin.

Graus de apneia

A apneia é dividida em leve, moderada e grave. A pessoa com os dois últimos tipos tem como tratamento o CPAP, aparelho com uma espécie de máscara que o ajuda a respirar melhor durante o sono, e a cirurgia. “A opção pelo CPAP ou cirurgia vai depender da área obstruída e do processo de adaptação do paciente”, explica Fomin. “Existem aqueles que só querem fazer a cirurgia nasal. Testam o CPAP e, depois de quatro anos, mesmo com bons resultados, desejam tentar a operação porque não estão a fim de usar um aparelho pelo resto da vida.”
Em ambos os casos, não há promessa de 100% de cura. Na cirurgia, a resposta positiva é 70%. No CPAP, 95% têm boa resposta. Deve-se levar em conta também a idade do paciente. Uma pessoa mais jovem nem sempre está disposta a usar o aparelho e pode preferir a cirurgia, que não vai ser indicada para um idoso de mais de 80 anos.

No caso das crianças, quanto mais cedo se intervém, melhor. “O problema interfere na qualidade do sono, no cérebro e em todo o sistema cardiovascular”, explica o otorrinolaringologista. A prática de atividade física pode ficar comprometida, assim como o desempenho escolar e cognitivo. Entre os adultos obesos, há um depósito de gordura na base da língua que provoca o problema. A apneia também tem um caráter familiar, com gerações que roncam.
Até antes da menopausa, as mulheres figuram em menor número do que os homens no quesito apneicos. Depois dela, a probabilidade de desenvolver a doença alcança o mesmo nível em ambos os gêneros. O certo é que todos querem ter uma noite de sono tranquila e restauradora.

 

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